VOTO ZERO significa não votar em fichas-sujas; omissos; corruptos; corruptores; farristas com dinheiro público; demagogos; dissimulados; ímprobos; gazeteiros; submissos às lideranças; vendedores de votos; corporativistas; nepotistas; benevolentes com as ilicitudes; condescendentes com a bandidagem; promotores da insegurança jurídica e coniventes com o descalabro da justiça criminal, que desvalorizam os policiais, aceitam a morosidade da justiça, criam leis permissivas; enfraquecem as leis e a justiça, traem seus eleitores; não representam o povo e se lixam para a população.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

PARASITAS DO ESTADO

EDITORIAL ZERO HORA 17/10/2011


Acusado de recebimento de propina por um ex-integrante do seu partido, o PC do B, o ministro Orlando Silva, do Esporte, tenta desesperadamente provar sua inocência e permanecer no comando da pasta encarregada de preparar os eventos esportivos internacionais que o país receberá nos próximos anos. Sua situação, porém, não é nada confortável. As denúncias divulgadas esta semana contêm o mesmo potencial destrutivo das que provocaram a queda de outros quatro ministros dos cinco que a presidente Dilma Rousseff substituiu em 10 meses de administração. O senhor Orlando Silva pode até ser inocente da acusação pessoal que lhe está sendo feita, mas dificilmente terá argumentos para explicar à nação por que não corrigiu as irregularidades constatadas há vários meses pelo Ministério Público, pela Polícia Federal e pela Controladoria-Geral da União no programa Segundo Tempo, administrado por sua pasta.

No centro do escândalo, está um esquema delituoso bem conhecido na política nacional, resultante das relações promíscuas entre o governo, Organizações Não Governamentais e partidos políticos. É o que os órgãos fiscalizadores detectaram na atuação da entidade que explora o programa Segundo Tempo, criado para oferecer lazer e práticas esportivas a estudantes carentes no período em que eles não estão em sala de aula. De acordo com as investigações, a ONG estaria sendo utilizada para desviar dinheiro para o caixa 2 de campanhas eleitorais de candidatos do partido.

Não seria a única. Infelizmente, o país registra uma proliferação de entidades criadas unicamente para atrair recursos públicos, desvirtuando o objetivo dessas organizações sem fins lucrativos, formadas pela sociedade civil para atuar como linha auxiliar do Estado. A falta de controle do poder público possibilitou a aproximação de ONGs de fachada com partidos políticos, criando-se, assim, um canal para o desvio de verbas estatais, algumas vezes com objetivos eleitorais, outras simplesmente para o bolso de espertalhões.

Existe até uma CPI das ONGs em operação no Senado Federal, mas as investigações andam a passo de tartaruga porque dependem de políticos muitas vezes comprometidos com as organizações investigadas.

Talvez este caso envolvendo o Ministério do Esporte seja também uma oportunidade para a retomada de investigações que levem a uma depuração das centenas de ONGs que hoje gravitam em torno do poder. Antes, porém, é urgente que o ministro Orlando Silva explique as denúncias e que o governo, a partir dessas explicações, adote as providências cabíveis para corrigir eventuais irregularidades. Mas se torna cada vez mais inadiável que o país enfrente com transparência a deformação gerada por organizações que se aliam a partidos políticos e se transformam em parasitas do Estado.

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