VOTO ZERO significa não votar em fichas-sujas; omissos; corruptos; corruptores; farristas com dinheiro público; demagogos; dissimulados; ímprobos; gazeteiros; submissos às lideranças; vendedores de votos; corporativistas; nepotistas; benevolentes com as ilicitudes; condescendentes com a bandidagem; promotores da insegurança jurídica e coniventes com o descalabro da justiça criminal, que desvalorizam os policiais, aceitam a morosidade da justiça, criam leis permissivas; enfraquecem as leis e a justiça, traem seus eleitores; não representam o povo e se lixam para a população.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

POLÍTICA DE CONCESSÕES


EDITORIAL ZERO HORA 27/05/2011

Pressionada por aliados, que tentam ocupar espaço a partir do impacto sofrido por seu governo com as suspeitas envolvendo o ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, a presidente Dilma Rousseff vem fazendo concessões em série para integrantes de sua base parlamentar de apoio que só podem ser vistas como preocupantes numa democracia. Qual o sentido de uma base tão ampla no Congresso se, em momentos mais decisivos para o governo, como os de votações importantes ou mesmo de impasse, o governo precisa ceder para garantir apoio? Como muitos integrantes dessa coalizão estão com o poder mais por interesses específicos, e menos por afinidades programáticas, o custo do apoio tende a se mostrar alto para a democracia e para os próprios contribuintes.

Na primeira votação realmente relevante da atual gestão – a do Código Florestal –, o governo não conseguiu assegurar um mínimo de unidade entre suas bancadas. Em consequência, o texto aprovado tomou rumos tão distantes dos pretendidos pelo Planalto, que a presidente provavelmente precisará recorrer ao desgaste de vetos se não ocorrerem alterações no Senado. A derrota ainda não havia sido assimilada quando a primeira mandatária do país precisou se render aos argumentos de integrantes de bancadas religiosas no Congresso, vetando a distribuição de material preparado pelos ministérios da Saúde e da Educação, tratando da questão homofóbica para alunos do Ensino Médio. Por mais que sobrem justificativas sob o ponto de vista da inadequação do conteúdo, ficou evidente que a maior preocupação é justamente reduzir as chances de abertura de CPI para investigar a situação do ministro da Casa Civil.

Como se essas concessões não fossem suficientes, a própria presidente da República saiu ontem em defesa de seu ministro, pedindo que o caso não seja “politizado”. E o vácuo político aberto com o silêncio do chefe da Casa Civil, que optou por não se manifestar em público sobre as insinuações, acabou sendo preenchido por ninguém menos que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O atual governo vinha se destacando justamente pelo fato de, mesmo dando continuidade ao anterior, ter se distinguido por características muito peculiares, que agora estão no mínimo sendo postas à prova.

O vácuo político enfrentado pelo governo federal serve para reafirmar que é preciso quantidade mas também qualidade na base de apoio parlamentar para assegurar governabilidade. As dificuldades registradas agora entre representantes do Executivo e do Legislativo demonstram que, de um lado, faltam negociadores habilidosos e, de outro, políticos mais comprometidos com as linhas gerais do governo do que com as corporações que representam. Esse é o tipo de situação que impõe um custo alto para a democracia e para os próprios contribuintes e, por isso, não pode ser estender por muito tempo.

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