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sábado, 7 de maio de 2011

SENADO - DESPESAS SÓ TROCAM DE LUGAR

Cálculo errado. 'Economia' do Senado com transporte de parlamentares exclui despesas que só mudaram de lugar - Roberto Maltchik - O GLOBO, 06/05/2011 às 08h46m

BRASÍLIA - A economia que o Senado diz que fará no transporte dos 81 senadores significa, na verdade, a transferência de parte de 31 "gestores" que ganham em média R$ 14 mil na Coordenação de Transportes (Cotran) para outros departamentos da Casa. Os funcionários custam e continuarão custando cerca de R$ 5,7 milhões por ano aos cofres públicos. A conta que o primeiro-secretário, Cícero Lucena (PSDB-PB), apresentou na semana passada, na qual a troca da frota própria por carros alugados significaria economia de R$ 6 milhões, exclui essas despesas que só mudam de lugar. Na prática, os servidores concursados - a maioria deles policiais legislativos - continuarão na Casa, recebendo os mesmos salários.

A discrepância milionária nas contas do Senado foi revelada esta semana pela coluna Panorama Político, do GLOBO. Segundo a proposta de renovação da frota apresentada à imprensa na semana passada, o aluguel de carros derrubaria o gasto anual de R$ 17,8 milhões para R$ 11,02 milhões. Na verdade, o próprio primeiro-secretário admite que não pode demitir os funcionários públicos que perderão utilidade no setor de transportes.

- Se hoje eu preciso de 30 ou 40 funcionários gerindo isso, eu caio para quatro funcionários (com a locação de veículos). As pessoas que são da casa serão reaproveitadas em outros departamentos - afirmou Lucena, acrescentando que o reaproveitamento vai reduzir a contratação futura de terceirizados.

A gestão do transporte é feita por 19 policiais legislativos, 4 técnicos de artesanato, além de outros 8 técnicos administrativos e de processo legislativo. Eles se dividem entre o gabinete de coordenação, a coordenação, o serviço administrativo, o gerenciamento de dados e a manutenção de veículos. Enquanto a administração dos carros do Senado custa quase R$ 6 milhões, contratos de gestão de saúde em cidades com 500 mil habitantes saem por R$ 7 milhões, ao ano.

Cicero Lucena explica que não vai abrir mão de parte dos administradores. O custo de gestão, segundo nota técnica da primeira-secretaria, ficará em R$ 1,7 milhão. Os R$ 4 milhões restantes serão redistribuídos em outros setores.

Seguindo a planilha do senador, ainda assim, a proposta dele não seria a mais vantajosa. Se o aluguel dos carros entrasse na verba indenizatória dos parlamentares, o custo ficaria em R$ 10,9 milhões. Entretanto, os senadores se recusaram a assumir a responsabilidade pelos gastos com transporte. Cícero Lucena, que na semana passada afirmou que o edital de licitação poderia sair em 30 dias, agora é mais cauteloso.

- Esse é um modelo de gerenciamento do setor privado. Você está buscando a eficiência. São estudos, o projeto não está pronto. Na hora que a gente fizer a licitação, dependendo do resultado, se não for compatível, nós não temos a obrigação de fazer - afirmou o senador.

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