Moisés Mendes, jornalista - Zero Hora 01/05/2011
É doloroso ver um intelectual pedindo clemência. O economista Luiz Carlos Bresser Pereira, um dos raros pensadores brasileiros que chegaram ao poder ao se envolver organicamente em um projeto político, anunciou aposentadoria como homem de partido. Aos 77 anos, avisa que vai voltar a pensar, só pensar. Bresser não é um homem derrotado pelas próprias ideias. É pior: é o pensador que viu os outros fazerem o que ele pensou e não conseguiu fazer.
Bresser é um dos formuladores do que seria a social-democracia brasileira, nos moldes da matriz europeia. Fundou o PSDB, em 1988, com Fernando Henrique, Franco Montoro, Mario Covas. Pensou, pensou, pensou, escreveu belos livros e ensaios sobre a economia, o Estado, a globalização e sua visão do que seria um governo de centro-esquerda. Confessa que fracassou. Abandonou os tucanos e pede piedade, como um auxiliar técnico do Palmeiras, cheio de referências, de leituras e de boas intenções, que pretendia ver o time jogando como o Barcelona.
Eram boas as ideias e era bom o time de Bresser Pereira. Num país em que tudo vai sendo simplificado, em que o PSD surge, segundo Kassab, como partido que não é de direita, nem de centro, nem de esquerda, foi um formulador talentoso do que seria a social-democracia. Antineoliberal, queria o Estado como expressão suprema da razão humana. Forte, articulador e com decidido cunho social.
Já no poder, como tucano, no governo FH, foi ministro da Administração e da Reforma do Estado. Defendeu que o Brasil seria modernizado pela combinação do iluminismo do partido que idealizara com a boa vontade dos moderados do PFL. Só assim nos livraríamos do nacional-populismo. Em 1999, foi a um encontro da Internacional Socialista, em Paris, e defendeu sua tese. Ouviu vaias.
O Bresser de 2011 é um homem envergonhado com a incapacidade de defender no governo o que pregou nos livros. Em recente entrevista, admitiu ter sido picado pelo neo-liberalismo que condenava. Como ministro encarregado da reestruturação estatal, pregou que os barnabés de repartição, à antiga, deveriam ser dispensados, para que sobrevivesse só a elite dos servidores públicos, e instituiu os PDVs. Tucanos e pefelistas sepultariam a “coalizão burocrático-capitalista” de Estado surgida no regime militar. O Estado nunca mais seria o mesmo.
Poucos intelectuais que aspiram ao poder – não como burocratas de Estado, mas como comandantes supremos ou integrantes do primeiro escalão – tiveram a chance de ver suas ideias apalpadas com o brilho de algo concreto. FH chegou lá. Tarso começa a ser testado.
Bresser despede-se do projeto tucano envergonhado por ter aderido às ideias de redução do Estado a qualquer custo. E lamenta que Lula tenha feito, em oito anos, o que o PSDB não havia conseguido, ao dar substância, na intuição, ao projeto de centro-esquerda que consumira tanta eloquência livresca.
O economista volta a pensar e a escrever. Quer se reabilitar como formulador do nacional-desenvolvimentismo. Diz que o Brasil não tem uma elite nacional. Admite que errou ao renegar, no poder, as próprias reflexões. É assumidamente melancólico. Frustrado como homem de partido, retorna aos livros para salvar-se como pensador. Pede que não esqueçam o que escreveu.
Na semana em que Bresser anunciava que entregara os pontos, a TV transmitia o programa do PRTB. O PRTB, ficamos sabendo, é um partido à frente do seu próprio tempo. Pobre tempo. A reflexão mais complexa foi jogada nos lixões da política. São poucos os sobreviventes. Estamos entregues ao mundo sinistro das simplificações e da mediocridade. PRTBs, PTCs, PSDCs são apenas a face mais assustadora desse breu. Pensar ficou cansativo, e tudo que é gasoso comete o milagre de se solidificar no ar.
A Sociedade organizada têm por dever exigir dos Poderes de Estado o foco da finalidade pública e a observância do interesse público na defesa dos direitos básicos e da qualidade da vida da população na construção de uma sociedade livre, justa e democrática. Para tanto, é necessário aprimorar as leis, cumprir os princípios administrativos, republicanos e democráticos, zelar pelas riquezas do país, garantir a ordem pública, fortalecer a justiça e consolidar a Paz Social no Brasil.
VOTO ZERO significa não votar em fichas-sujas; omissos; corruptos; corruptores; farristas com dinheiro público; demagogos; dissimulados; ímprobos; gazeteiros; submissos às lideranças; vendedores de votos; corporativistas; nepotistas; benevolentes com as ilicitudes; condescendentes com a bandidagem; promotores da insegurança jurídica e coniventes com o descalabro da justiça criminal, que desvalorizam os policiais, aceitam a morosidade da justiça, criam leis permissivas; enfraquecem as leis e a justiça, traem seus eleitores; não representam o povo e se lixam para a população.
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